Redes Sociais Tóxicas e o Algoritmo Padrão.
Falar que as redes sociais se tornaram pauta do cotidiano é simplesmente comentar obviedades. Antigamente tínhamos o costume de fazer comentários sobre o tempo ou até mesmo sermos pautados pela televisão, mas hoje o que nos move na comunicação é o que bomba nas redes sociais. Levando em consideração todo o momento histórico e político que o mundo atravessa na era da hiper comunicação; seria interessante analisar como podemos sair ilesos dos filtros, algoritmos e toxicidade das redes sociais. São poucas as pessoas que acessam a internet e as mídias sociais que não passaram pela situação mental estressante de se deparar com uma opinião discrepante ou ilógica, analisando é claro, pelo prisma pessoal de cada um. Apesar de toda suposta liberdade de comunicação e audição que a internet possui ainda é um exercício árduo sair dos ‘filtros-bolhas’ online que o algoritmo nos impõe. Eli Pariser ativista político e da internet já falou sobre esse processo* onde há um algoritmo que ajusta a alimentação do conteúdo de acordo com as suas preferências, alinhamento e comportamento pela internet, calculando que apareça para você apenas assuntos que sejam da sua esfera e discriminando opiniões divergentes das suas. Podemos até inferir que o enfrentamento de ideias diferentes seja o caminho correto para o entendimento melhor das outras pessoas, mas como ter esse tipo de comportamento se realmente não toleramos quem pensa diferente da gente? Fica o questionamento até onde os algoritmos podem ser os vilões nesse processo. Afinal eles querem a nossa atenção e não que você desligue as redes sociais porque ficou estressado com o posicionamento dissonante de alguém sobre determinado assunto na sua timeline, cabe a reflexão sobre esse processo, você realmente aguenta ouvir e ler algo de alguém que pense diferente, ou pior, que vá contra as suas próprias convicções pessoais?
Voltando sobre os algoritmos; Zeynep Tufekci techno-sociologista analisa que está sendo criada uma inteligência artificial* impondo uma distopia baseada em cliques de anúncios, juntando a ideia do filtro-bolha do que gostamos de ver e ouvir criando assim uma demanda de atenção que nos fará ficar mais tempo vendo vídeos online para que sejamos público alvo de anúncios. O algoritmo prioriza alguns conteúdos e encobre outros; o exemplo disso é quando você assiste determinado vídeo, vai aparecer outra sugestão com uma opinião mais radical ou contundente para embasar o seu pensamento e ideia, mas vamos lembrar que isso não é feito por um editor humano e sim por uma inteligência artificial que molda esse raciocínio prevendo o que irá estar de acordo com as nossas opiniões, agora fica claro que além do filtro-bolha de amigos e conhecidos que pensam iguais a gente, teremos que lidar com uma máquina que vai incitar mais ainda esse comportamento polarizando quase todos os assuntos, esquerda x direita, homem x mulher, feio x bonito, certo x errado e por aí vai…será que o algoritmo espertamente compreendeu que os humanos gostariam de discutir incansavelmente o sexo dos anjos e os assuntos sem conclusões óbvias e dessa maneira nos manter enclausurados mesmo que contra a nossa vontade apenas para fixação, venda de anúncios e dados pessoais? Tenho que dizer que isso seria um plano maquiavélico perfeito, pois a verdade é que a maioria das pessoas ainda possuem um tipo de atenção mórbida patológica, vide as mídias relacionadas à notícias de fofocas, sensacionalistas e violentas continuam com acessos muito bons obrigado!
A conclusão é que a era da hiper informação nos trouxe liberdades individuais e coletivas muito importantes, mas como diria o tio do homem aranha: ‘Grandes poderes, trazem grandes responsabilidades.’ Portanto cabe à cada um a reflexão da logicidade de ideias pessoais expostas e o nível de tolerância para com a dos outros. Buscar também fazer uma varredura do que está sendo imposto pelo algoritmo à você é importante também, apesar do grande auxílio que essa ferramenta nos traz, ainda é de bom tom manter o trabalho do que devemos consumir online, tome as rédeas da sua vida digital.
Ilustração* André Crevilaro (usando Freepik)
*Links dos vídeos:
- Eli Pariser: Tenha cuidado com os “filtros-bolha” online https://www.ted.com/talks/eli_pariser_beware_online_filter_bubbles?language=pt-br&utm_campaign=tedspread&utm_medium=referral&utm_source=tedcomshare
- Zeynep Tufekci We’re building a dystopia just to make people click on ads https://www.ted.com/talks/zeynep_tufekci_we_re_building_a_dystopia_just_to_make_people_click_on_ads?utm_campaign=tedspread&utm_medium=referral&utm_source=tedcomshare